terça-feira, 24 de novembro de 2009


FUNDO CONSTITUCIONAL E ACCOUNTABILITY

Já que se falou tanto do Fundo Constitucional por esses dias, vamos a alguns comentários a respeito.
O FCDF existe em decorrência do inciso XIV do artigo 21 da Constituição Federal, que foi disciplinado pela Lei 10.633 de 27 de dezembro de 2002. Quanto à finalidade, destinação dos recursos e tudo mais, basta ler o texto legal e fazer as interpretações decorrentes.
http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=223476

No que tange à transparência da gestão do fundo é necessário destacar alguns aspectos.

Primeiro: O Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão disponibiliza toda legislação orçamentária no seu site, e através da verificação das LOAs observa-se os valores relativos ao Fundo Constitucional do Distrito Federal nos anos de referência.

http://www.planejamento.gov.br/secretaria.asp?cat=50&sec=8
Assim, está registrado que o FCDF tem os seguintes valores para os anos de 2009 e 2010:
Orçamento fiscal 2009 – R$ 6.701.379.644,00 2010 R$ 6.498.950.851,00

Seguridade social 2009 R$ 1.143.578.438,00 2010 R$ 1.186.620.473,00

TOTAL 2009 R$ 7.844.958.082,00 2010 R$ 7.685.571.324,00

Há outras informações relativas a custeio, investimento e despesas correntes.
Ocorre que os valores do fundo são entregues ao GDF no dia 05 de cada mês por duodécimos.

Segundo: a unidade gestora do Fundo no GDF é a Secretaria de Fazenda e não a SEPLAG. Inclusive verificou-se não existir planejamento orçamentário dessa receita no orçamento do GDF. Essa não é uma questão surgida agora, vem desde a instituição do fundo.

Terceiro: por não haver publicidade com foco no accountability da utilização do fundo, não se encontra registro fácil da divisão do fundo no âmbito do GDF, ou seja, a coisa adquire o tratamento folclórico de caixa preta, de modo que ao cidadão não é permitido acompanhar a execução dos valores do fundo.

Quarto: recentemente o Secretário de Planejamento afirmou que o GDF tem aportado mais R$ 2.500.000.000,00 dos recursos do tesouro distrital para equilibrar as contas das áreas de segurança, saúde e educação e que para o próximo ano esse aporte é será de R$ 2.850.000.000,00, em razão do aumento das despesas com pessoal e a diminuição da dotação do fundo prevista para o orçamento de 2010, como se vê acima.

Quinto: permanece a pergunta que todos devemos estar fazendo: Como está dividido o fundo no GDF entre as áreas de segurança, saúde e educação e no que se refere à segurança como o montante está dividido entre as Unidades Orçamentárias?
http://www.fazenda.df.gov.br/area.cfm?id_area=1144&id_menu=2

Os dados que respondem a essa pergunta não se encontram facilmente. Certamente eles existem e estão na Secretaria de Fazenda do Distrito Federal.

A fim de evitar especulações de toda ordem melhor que estivessem publicados no site da Secretaria Fazenda, com todo detalhamento necessário. A não publicidade enseja conclusões equivocadas sobre patrimonialismo de contas públicas.

Essa é uma informação a que todo cidadão deve ter acesso. Acredito que não tardará o dia em que isso vai acontecer. Transparência e accountability são princípios democráticos de gestão e já se verificam em várias instâncias da administração pública no Brasil.

http://www.portaltransparencia.gov.br/

QRU E O JEITINHO

Fabiano Augusto faz comentários sobre o caráter negativo da prática.
Endosso completamente suas palavras.
Todavia quando utilizei o termo foi no seu sentido mais amplo, qual seja, tratar tudo como emergência, deixar de planejar e agir para depois buscar paliativos e soluções capengas.
Estamos melhorando. Vide as unidades do Cruzeiro e do Paranoá inauguradas recentemente. Há setores onde já se verifica mudança de postura, como por exemplo o Centro Odontológico e outros.
Mudança é processo e não acontece de uma hora para outra. Vamos seguindo.

MATRIZ CURRICULAR
O Rommel faz um comentário sobre a grade curricular dos cursos de formação do CFAP.
Rommel, a corporação através da Diretoria de Ensino, Academia e CFAP estão reformulando os currículos dos nossos cursos e a base é a Matriz Curricular Nacional editada pelo Ministério da Justiça e SENASP. Logicamente que articular nossa política de formação com a política nacional é um decisão acertada e não chega a ser uma novidade. O próprio curso do Tec SOP do projeto Policial do Futuro observou esse paradigma. Portanto, estamos indo bem nessa seara e as fronteiras do conhecimento não permitem privilégios. Não há limites para aprender. Depende do incentivo e da motivação de cada um.

COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES

A existência ainda hoje de policiais militares fazendo tarefas estranhas ao serviço típico de polícia militar é resultado de um processo de cultura profissional do ecletismo, do faz tudo, do resolve qualquer situação. Se por um lado isso pode significar “flexibilidade”, por outro pode significar desvio de função. Este é o resultado de um processo de acomodação a uma zona de conforto, que é muito mais amplo e complexo que isso.
Cada vez mais os processos de gestão precisam livrar-se de atribuições estranhas à atividade policial militar. Concordo que temos que ir no sentido de terceirizar o mecânico, os serviços gerais, etc.
Entretanto as atribuições não devem ser por posto ou graduação, senão por função a ser desempenhada. Explico: as atribuições não são do Coronel mas do Diretor de tal sistema; não são do soldado mas do executante da modalidade específica de um policiamento.
O desafio e o sonho são de que a reforma administrativa em gestação na corporação atinja esse patamar de estabelecer um regulamento de atribuições e competências que especifique o que cada função mapeada na instituição faz. E não só isso, é preciso também estabelecer a doutrina do policiamento orientado para o problema e as CONDUTAS OPERACIONAIS PADRONIZADAS, de modo que ao se deparar com uma ocorrência típica de atendimento pela Polícia Militar as soluções estejam dentro de um padrão mínimo de comportamento e ação. Isso servirá para sustentar legalmente as ações do policial e para que a população saiba o que esperar da atuação do policial militar.
Não sei se estou sonhando muito, mas acredito na possibilidade dessa mudança.

Por hoje é só.
Bom dia e um fraternal abraço,
Ricardo Martins



7 comentários:

Unknown disse...

Boa tarde Coronel Martins,
Gostaria de tecer um comentário sobre o atual concurso para o CHOAEM, em andamento. Este concurso está se desenrolando com os requisitos anteriores ao PCS, podendo concorrer apenas SubTenentes e 1º Sargentos com um ano na função. Existem comentários de que 2º Sargentos se inscreveram para o concurso e, caso sejam aprovados, recorrerão à justiça para realizar o curso, em razão de que o PCS estabelece que até 3º Sargentos que possuam o CAP podem concorrer. Neste sentido, não seria viável a Corporação cancelar o atual concurso e logo em seguida inciar outro já com os requisitos da nova Lei, evitando futuras disputas judiciais? Creio que em janeiro, em razão das promoções de dezembro, o número de vagas do concurso seria bem maior.

orcione disse...

Cel Martins as atribuções do Bombeiro e PMDF tem suas peculariedades,no PCS os critérios para promoção ficaram parecido, exceção do CHOAEM enquanto no Bombeiro será por antiguidade por um período de transição, na PM não ficou explícito os critérios, não seria mais sensato também a PM usar o critério de antiguidade nos próximos cinco anos!!!!!!!!!!

Daniel disse...

Prezado Cel Martins,
Com todo respeito ao Orcione, discordo, totalmente, do pensamento dele. Penso que o que deveria ser adotado como critério para seleção ao CHOAEM seria a seleção mediante concurso, pois seria um reconhecimento aos que buscam o conhecimento. Conheço vários colegas que há bastante tempo estudam Direito Administrativo, Direito Constitucional, português, matemática, redação (isto mesmo), legislação da PMDF e outros, esses sim, mereçem oportunidade. Acabou o tempo de ficar esperando as coisas cairem do céu. Pelo Amor de Deus, vamos estudar.

Halk disse...

Caro Cel. Martins.
Deixando um pouco de lado o PCS (que na verdade é um realinhamento), gostaria de perguntar qual o pensamento do senhor a respeito dos temas: Unificação e Desmilitarização das policias.
É senso comum que a esmagadora maioria dos oficiais das policias militares têm pavor até de ouvir falar nestes temas e, em contrapartida, está é uma questão de ordem e praticamente unânime entre as praças, que são a maioria do efetivo destas corporações. Será que a frase de Nelson Rodrigues que diz que: “toda unanimidade é burra”, se encaixa neste contexto ou a quebra de paradigma destas propostas deve ser levada em conta.
O que será que temem os oficias da PM????
Perder poder, prestígio, regalias ou serem comandados por um dito “paisano”.
Sou totalmente favorável a estes temas e acredito que por mais que grupos interessados favorecidos no modelo atual tentem manter o status quo, não resistiram às dezenas de propostas legislativas acerca destes temas. Só este ano já temos duas PEC sobre estes temas, além das que tramitam a anos na casas legislativas. Nunca antes ouve tanta discussão sobre estes temas e por mais que o lobby da defesa das falidas instituições centenárias com seus comandantes gerais se mobilizem e pressionem congressistas, como vimos no passado, este é um caminho sem volta.

Unknown disse...

Concordo com o HALK,porém não quero ser encaixado no teto do INSS e também não desejo a desconstitucionalização das policias,porque cada governador iria fazer o que bem entendesse conosco.( PEC 21)

Unknown disse...

AH, a tal PEC 300 vai a plenário com o texto original que atrela os salários de todas as PMs do brasil ao da PMDF.Como se não bastasse,até os nossos companheiros de farda de outros estados querem nos "ferrar".Se é difícil conseguir reajustes salariais para 16.000 homens imagine para todo o BRASIL.Já está na hora dos parlamentares do D.F tomar alguma providência pois se isso se concretizar aí sim estaremos perdidos por mais 200 anos.

Halk disse...

Paulo,
Esta equiparação prevista no texto original da PEC 300 é utopico e icoerente, além de inconstitucional. Seria bem melhor os colegas dos Estados reverem esta situação e tenterem estabelecer um piso nacional, senão teram de amargar a não aprovação desta PEC.
O presidente LULA deixou claro naquela solenidade no Nilson Nelson que a PM/BM do DF gozam de uma situação peculiar perante outros estados.
Afinal, quem vai pagar a conta???

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