quinta-feira, 15 de outubro de 2009




Primeiramente parabéns aos que estiveram na Câmara ontem. Estivemos desde às 14h00 até às 21h30 quando se encerrou a sessão.

Galerias tomadas por policiais militares, bombeiros militares e aprovados no concurso de soldado. Tem que ser sempre assim!!!

A presença maciça funciona como instrumento de pressão mesmo. Uma pressão esquisita porque as pessoas não podem manifestar concordância ou contrariedade. Não vale palmas nem vaias. Criaram uma coreografia silenciosa de abanar mãos, como a de uma torcida que seca o batedor de pênalti em um jogo de futebol.

O cenário desde o início não garantia nada. Cada um querendo ser o adivinho do dia. Temeridade. De fato ninguém sabe nada do que vai acontecer. O processo não tem controle e muda de humor em segundos, conforme a relação condescendente ou intransigente entre governo e oposição. Haja paciência!!! Ufa!!!

A Casa Civil da Presidência da República no início da tarde enviou suas observações para a liderança do governo federal na Câmara sobre as emendas da CTASP (Bessa).

A presença dos interessados no salão verde fazia com que a todo o momento comparecesse um parlamentar do DF para conversar , manifestar apoio, etc. Cortejo aos eleitores potenciais.

Todavia não é fácil identificar as verdadeiras intenções por trás dos discursos.

A pauta começou com o PL 5798/2009 que trata da criação do vale cultura com prioridade de urgência constitucional. Após longos debates e embates aprovaram-no.

Outro projeto o 3971/2008 que modifica a LDBE – Lei Darcy Ribeiro, também com urgência constitucional e com prioridade na pauta. Esse foi o projeto que a liderança do governo colocou na frente do nosso para constranger a oposição a votá-lo.
Os temas polêmicos acirraram os ânimos entre governo e oposição. E nós ali, com nosso tema local, no meio da confusão.

Os deputados ficaram jogando para a torcida, tentando demonstrar que os outros é que estavam prejudicando a votação.

A bancada do governo alegava urgência constitucional dos projetos de seu interesse e jogavam a culpa de que as manobras da oposição prejudicavam, por conseqüência, o PL 5664/2009. A oposição por sua vez alegava que o governo é que nos colocava no meio do conflito e impedia a votação da matéria já acordada, pacificada, etc.

Enfim, sintetizando tudo foi mais ou menos assim: ficamos no meio de uma briga que não era nossa, tomamos uns bofetões por isso, quem nos apoiava nos prejudicou em determinados momentos, quem atrapalhava passou a ajudar, geraram-se impasses, impasses foram superados e no final do jogo político a liderança do governo, que já havia trucado o jogo colocando o PL 3971/2008 na frente da pauta, solicitou prazo maior para apreciação daquele projeto e nos empurrou para a próxima sessão.

Eficácia da Câmara é medida por queda de braço e não por resultados. Uma vitória pode ser representada simplesmente por criar obstáculos ao adversário político, impedindo o avanço de um projeto, de parte a parte.

Somente para exemplificar, Bessa estava ontem atacando a bancada do Governo, da qual participava até algumas semanas atrás. Aliava-se agora ao Fraga na intenção de votar logo o projeto, quando tempos atrás ele mesmo criava obstáculos. Rollemberg que tanto ajudou o projeto no início, ontem se colocou ao lado do governo e ajudou na manobra que travou a votação do PCS. O herói de ontem é o vilão de hoje e vice-versa. Teve gente que saiu de lá ontem e não entendeu nada!

Ficamos então para a próxima sessão com esse bode do PL 3971/2009 na frente dos nossos interesses.

De concreto mesmo na tramitação consta a pendência do parecer da CTASP por conta dos acordos buscados com o governo sobre as emendas, que não me atrevo a reproduzir porque mudam a toda hora, inclusive a redação das emendas. A tendência é de se acatar pouquíssimas emendas.

Houve também manifestação em plenário para que o Presidente da Casa possa agendar o PL 5664/2009 para votação “o mais rápido possível”.

Assim o remédio mais eficaz de participação continua sendo lotar galerias desde cedo nos dias em que houver sessão, para que outros grupos não façam o mesmo, e impor nossa presença como pressão legítima. Alguns parlamentares acusam o golpe e se sentem constrangidos.

Na estratégia do corpo-a-corpo alguém do grupo dos aprovados no concurso da PMDF inventou de ficar gritando palavras de ordem, gritos de guerra etc para os parlamentares. Angariaram antipatias. Tiro no pé.

O que é eficaz: abordar educadamente o parlamentar e agradecer pelo apoio e dizer que continua contando com ele no intuito de reforçar a visibilidade.

Quanto à volubilidade presenciada naquela encenação teatral, temos que ficar atentos para entender o enredo, porque nem Pirandello seria capaz de uma farsa, nem mesmo, parecida.

"Não sou um autor de farsas, mas um autor de tragédias. E a vida não é uma farsa, é uma tragédia. O aspecto trágico da vida está precisamente nessa lei a que o homem é forçado a obedecer, a lei que o obriga a ser um. Cada qual pode ser um, nenhum, cem mil, mas a escolha é um imperativo necessário."
(Luigi Pirandello)


Bom dia e um fraternal abraço,
Ricardo Martins

4 comentários:

Unknown disse...

Cel Martins,
A matéria não poderia ser votada na CTASP, ja que se tem os parecerer favorável de todas as comissões e seguir direto para o Senado, a fim de evitar que fiquemos que nem "cegos em tiroteio"(Governo X Oposição). É preciso passar obrigatóriamente pelo plenário. Me tire esta duvida???
Uma alternativa não seria a votação somente a nível de comissões, visto ser um projeto de consenso, como disseram ontem os parlamentares, tanto de oposição quanto do governo.

Amigo halk!

Jailson Gomes disse...

Caro Cel Martins,
O cenário que repetidamente se apresenta na Câmara dos Deputados coduna-se perfeitamente com o mito do trabalho de sísifo. O malandro Sísifo, aquele da mitologia grega, foi capaz de burlar a morte por algumas vezes, inclusive ao arrepio da vontade dos deuses do Olimpo, vindo somente no final da vida a morrer, não por vontade de deus grego nenhum, entretanto de velhice,ou seja de tanto viver. Seu castigo final, imputado como vingança por Zeus, foi o de empurrar uma pedra montanha a cima até que, quase no topo, esta viesse a adquirir uma força irresistível e voltasse ao sopé, levando o malandrão a empurrá-la novamente num trabalho sem fim.
O cenário da Câmara apresenta não somente um, porém vários tipos de Sísifos,onde alguns empurram ladeira a cima e outros ladeira a baixo, e a pedra... a pedra não entende mais nada!
Neste esforço de paciência que as nobres instituições (PMDF e CBMDF) empreendem, é preciso ter paciência e não perder a esperança, porque afinal,como diz o apóstolo Paulo, "esperança que se vê não é esperança"! Forte abraço, Cap Jailson.

Construindo a Cidadania disse...

Firma a cadência CEL Martins!!O que vi na camara foi impressionante,policiais e bombeiros,diversas graduações e postos,que não arredaram pé até o desfecho as 19 horas com a protelação da votação .O que vi na camara um jogo em que o perdedor é o que não persevera,não barganha,não cede,não instransige ou transige.Acordos e desarcordos fazem parte das regras, o possível logo se torna impossível e aquilo que não se esperava repentinamente emerge.Valeu o empenho e continuemos a participar.
"Este mundo é um fandango e tolo é quem não o dança."(Adágio popular)

Anônimo disse...

gostei, parabens, dirimiu duvidas, que posso passar aqui para os ppmm cbmdf moradores de santa maria, sim quanto a visita ao senador Fernando collor faça; pois tambem tive o prazer de trabalhar . valeu sgt rr mangueira. sim opine quantos ao retorno dos rr ao trabalho, que valor será este, de 0,3;

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