sexta-feira, 31 de julho de 2009



O dia 30 de junho de 2009 amanheceu frio e seco em Brasília prenunciando o clima de ressaca.

O Diário Oficial da União publicou o despacho 608 do Presidente da República, noticiando que o Plano de Cargos e Salários da PMDF segue para o Congresso Nacional sob a forma de anteprojeto de lei.

Na PMDF o sentimento é de frustração, desilusão, angústia e derrota em razão das expectativas depositadas na Medida Provisória. Um amigo definiu o clima de consternação e perplexidade como a do “campeão moral” de um time de futebol, que ganha, mas não leva.

Nesse quadro surgem as manifestações de indignação, tentativas de explicação, teorias de conspiração e tudo mais que possa mitigar o desânimo.

Todos querem externar de algum modo sua indignação e decepção. Assim o tema das conversas entre policiais militares: plano de carreira. Outros se animam a criar um blog, assim como eu, para registrar suas idéias e compartilhar o sentimento de derrota. Nesse contexto surgem os tipos característicos de sempre.

Os irascíveis e desequilibrados giram suas metralhadoras a atiram para todo lado querendo atingir um pretenso culpado por tudo. Há um caso de um suposto “Major Maneiro”, que criou blog anônimo para destilar seu veneno. Não deve ser major nem é maneiro, porque major não se esconde atrás de anonimato, não é digno de um oficial superior que se julga ético e comprometido, e um sujeito maneiro é racional e analisa o que está acontecendo e não sai por aí detratando a tudo e a todos por suas frustrações pessoais. Ademais o anonimato é relativo já que o IP do computador é identificado no blog. Portanto devemos ter cuidado com o que dizemos sob o vil manto do anonimato, pois ele pode nos trair diante de uma inequívoca demonstração de desequilíbrio e imaturidade. Isso não favorece o debate porque não se sabe com quem estamos dialogando. Esses casos demonstram a típica situação do sujeito que culpa o sofá pelo adultério para justificar sua condição. Tais pessoas normalmente têm auto-estima baixa, são egocêntricas e pensam com o fígado.

Os abutres identificam a oportunidade para se dar bem diante do quadro de desolação. Os motivos são vários desde projetos políticos pessoais até a vingança por razões mesquinhas. Esses já estão imaginando o que fazer para complicar mais a situação, apresentando propostas indecorosas somente para tumultuar o processo. Para eles o lema é: “quanto pior melhor”, para seus propósitos individuais.

“Os analistas políticos” de plantão possuem cada qual uma explicação. Algumas já ouvidas por aí ontem: “É claro que o Governo Federal, que é do PT, não iria facilitar o processo que favoreceria o governo local que é do DEM. Ano que vem tem eleição e o candidato do PT é quem vai faturar politicamente o plano.” Outra: “O Governador vai renunciar para ser candidato na chapa do Aécio ou Serra. O Vice-Governador assume. E o candidato ao Governo do DF nas próximas eleições será o Tadeu Filipelli, cujo rompimento com o Ex-Governador Joaquim Roriz é pura fachada. Fillipeli será o relator do PCS para alavancar sua candidatura.” Mais uma: “Essa coisa de PL é mentira. Semana que vem o Governo Federal vai retirar o projeto e apresentar a Medida Provisória, porque o Presidente quer que a PMDF apóie a Ministra Dilma para as próximas eleições.” Assim como essas análises, várias outras, cujo foco, um tanto egocêntrico, é de que tudo que acontece ou vai acontecer no meio político Nacional e do Distrito Federal passa pelo plano de carreira dos militares do DF.

Há também os identificadores de teorias de conspiração. Dentre essas teorias está a de que as Forças Armadas conspiram para que tudo dê errado para a PMDF; que a Polícia Civil está desestabilizando todas as ações; que isso e aquilo e tanta coisa mais.

Há os sensíveis: “ninguém me ama ninguém me quer” e suas variantes.

Enquanto isso o projeto já seguiu para o Congresso.

Consegui o texto do plano e a mensagem que seguiram para analisar o que devemos fazer de agora em diante. Enviei o texto para a PMDF e CBMDF e solicitei que fosse colocado nos sites das corporações. Temos que analisar o cenário, identificar nossos pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças. Precisamos conter as interferências, isolar os objetivos e negociar com os atores do processo. Ou seja, devemos empregar a matriz de análise estratégica e a doutrina de gerenciamento de crises.

Assim como qualquer policial militar comungo do sentimento de frustração e desapontamento em razão das esperanças que também depositei na possibilidade da medida provisória. Só que acho que me enquadro no universo daqueles que entendem que a guerra não está perdida embora o caminho seja mais longo e penoso. Não dá para sentar na beira do caminho e chorar, resmungar. Temos que arregaçar as mangas e lutar pelo que queremos, pois ao final, quando o sucesso chegar, e ele vai chegar, o sentimento de conquista será muito maior. Existe um objetivo a ser atingido e está mais próximo que antes. Etapas foram vencidas (esse projeto não padece de vício de iniciativa por exemplo), mas há outras não menos importantes. Diante dos problemas há os que se desesperam e se desequilibram e os que identificam desafios e oportunidades.

Que tal uma boa dose de racionalidade e otimismo para curar a ressaca?!
O que temos hoje é um projeto de lei que pode se transformar em uma lei.
O que queremos está nesse projeto, devemos conquistar esse objetivo.

Ah, um desafio para você: leia o plano e verifique se não vale a pena lutar.



Fraternal abraço,

Ricardo Martins.

2 comentários:

Unknown disse...

É Nobre Cel Martins como sempre sua dissertação é coerente e com bons argumentos, mas desculpa minha sinceridade, estou desanimado triste e me sentindo traido, sou SD ha 19 anos e com este plano eu talvez fosse promovido na segunda promoçao pós plano, isso significaria um aumento de 180 reais em meu salario com mais 250 de risco teria 430 de aumento menos o imposto de renda uns 350 reais de aumento real, isso depois de esperar 19 anos por causa de toda essa falta de criterios em concursos e promoçoes tidas em nossa PMDF.
Desculpa mais uma vez mas até chorei quando fiquei sabendo do PL, dá uma tristeza sem fim, mas passado a frustraçao inicial venho aqui e leio sua postagem e me faz pensar novamente, a batalha foi perdida, talvez a guerra ainda nao, mas o cenário que se mostra lá no congresso nao é favoravel a nós nao, nao é ser pessimista é questao de analise fria, portanto espero que o Sr tenha razao, por que uma tropa desmotivada so gera sensação de insegurança na sociedade e a criminalidade só tende a aumentar
abraços e desculpa meu desabafo.
Osvaldo SD PMDF

Unknown disse...

É coronel, não vejo melhoras com ou sem este "realinhamento", apesar do Senhor dizer que é "PCS", pois lá vamos continuar dependendo de vagas no quadro para termos uma promoção e um Plano de carreira já teria uma data pré definida para esta promoção, resumindo é um inicio e não um final "feliz" como muitos pregam...

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