quarta-feira, 30 de junho de 2010


Prezadas e Prezados,

Certamente que já passamos todos por situações em que a vida nos prega algumas peças, o que tem certo ar de ficção.

Sempre acreditei que o Comando-Geral da PMDF seria meu último desafio, por conta da importância do cargo e do nível de responsabilidades requeridos. Descobri que os desafios não guardam limites.

Quando iniciamos nossa gestão procurei imprimir um ritmo e estilo próprios, fundamentados em princípios inovadores de administração.

Acho que chamamos a atenção nesta seara. Como consequência alguns flertes políticos, alguns convites que não levei em consideração e a firme convicção de que deveria seguir no comando, tendo como horizonte temporal o dia 31 de dezembro de 2010, quando termina o atual mandato do GDF.

Tudo caminhava assim, honestamente, sem qualquer pretensão adicional que não fosse concluir a missão. Eu não apostaria um tostão furado em outro desfecho que não fosse esse.

Foi então que chegou o dia 28 de junho, quando por volta das 12h30, recebi uma chamada do Governador Rogério Rosso, que me fez uma solicitação de rotina e agregou à conversa uma indagação sobre o que eu pensava em assumir o desafio de representar à PMDF no processo eleitoral próximo, considerando que havia uma lacuna no cenário, não preenchida por candidatos oriundos da instituição e que eu precisava considerar o desafio, em razão da liderança natural identificada por várias pessoas. Respondi-lhe que não havia pensado no assunto, mas que tal reflexão vinda dele deveria ser motivo de atenção e análise, e o indaguei se ele estava seguro de que isso não seria um problema. Respondeu-me que diante de objetivos superiores ele entendia que valia o sacrifício. Ficamos de conversar no dia seguinte.
Assisti ao jogo do Brasil com a cabeça à mil.
Dia seguinte, já pela manhã, liguei para o Governador e disse-lhe que diante de tal desafio que me deixou pensativo e cheio de dúvidas, estaria a disposição para contribuir onde fosse necessário, mas que não tinha a menor idéia de como isso poderia se operar, considerando meu total desconhecimento das medidas práticas sobre o tema, meio que acreditando que se tratava de um devaneio, ou mesmo um trote.

Foi marcada uma reunião à noite com vários assessores políticos para uma avaliação das condições e circunstâncias e de repente, não mais que de repente, todos os entraves e empecilhos haviam sido superados, tendo o PTB aquiescido em incluir-me na nominata do partido e tudo mais.

O tempo foi curto, mas o fato é que de uma hora para outra, me vi convencido a aceitar o desafio que jamais havia imaginado.

Mas aí, alguém há de me perguntar por que então aceitei, quando poderia haver simplesmente declinado do convite. Algumas razões dentre outras tantas que não se deve anunciar:

1. O desafio proposto neste momento foi totalmente diferente dos demais, já que partiu de quem tem competência para nomear e exonerar o Comandante Geral, ainda que tenha que ressaltar não ter havido qualquer constrangimento neste sentido;

2. O calendário eleitoral tende a arrefecer o ritmo atual de avanços e conquistas na corporação, sendo que o cenário de retomada deve reiniciar em janeiro de 2011, quando de qualquer forma eu me desligaria do serviço ativo.

3. Aprendi que os desafios trazem vantagens competitivas e identifiquei oportunidades interessantes de alavancar avanços a partir de um projeto político, que sempre defendi, ainda que não me tenha colocado como opção para tal. Por pior que, por desventura, eu tenha sido como Comandante da PMDF, acho que reuno melhores condições de representar a instituição que qualquer outro que não nos conheça ou entenda.

4. Houve uma concentração de candidatos nas prévias para Deputado Distrital e muito poucos para Federal. Não aceitei uma sugestão de um assessor para vir candidato a Distrital, por entender que seria incoerente com o que defendi durante todo esse tempo e entender que há suficientes e bons candidatos nesse nível.

5. O panorama no cenário político neste ano indica que poderá haver renovação. Ter ficha limpa não pode ser somente uma proposta para candidatura. É mero requisito que todos devemos possuir. Assim defender propostas para a sociedade e especificamente para uma categoria profissional requer certo conhecimento e sensibilidade, e no nosso caso, sem falsa modéstia, acho que conseguir captar o rumo desejado por nossa categoria.

6. Senti-me tentado em aferir meu desempenho em um processo totalmente aberto e cruel. Recebo com freqüência elogios pelo comando. Será que tem sido isso sincero mesmo?

7. Em suma: não há do ponto de vista racional qualquer prejuízo para ninguém nesse processo. Ao contrário, fomos capazes de despertar atenção para um potencial que sequer chegamos a considerar anteriormente. Ou seja, os outros conseguem identificar em nós uma força que não sabemos ter.

8. Por fim: minha mulher, que é Sargento da corporação, não se opôs e hipotecou seu apoio incondicional, sendo a única forma de saber se isso é ou não possível a submissão a avaliação de todos em um pleito eleitoral.

Outro aspecto a ser ressaltado é que aprendi a trabalhar pela PMDF em qualquer circunstância, independente do cargo em que estive durante toda a carreira. Entendo que ao me afastar do comando não abdico da condição de policial militar, nem estou virando as costas para a instituição que tanto me proporcionou de bom e que tanto aprendi a amar e respeitar. Ao contrário, identifico outras oportunidades de me dedicar a ela, como sempre farei, independentemente do resultado alcançado.

É possível que esta decisão há de despertar críticas, descontentamentos, paixões, etc. Conclamo a reflexão:

1. Estivesse eu arquitetando esse plano ou maquinando tudo isso, por qual razão eu não teria me preparado desde então como fizeram todos os demais candidatos?

2. Como alguém que é candidato a cargo eletivo mantém segredo de candidatura? Como vão poder votar nele se ninguém sabe do seu intento? Na realidade o que é fato é o tempo que se perdeu e um monte de providências não adotadas.

No mais, estamos tranqüilos e seguros de nossa honestidade de propósitos, nossa sinceridade e de que os que confiam nos projetos em que estivemos a frente permanecerão compartilhando conosco os sonhos do muito que poderemos organizar.

Recorro ao meu jargão característico: cuidado com o que pedir, pode conseguir!

Fraternal abraço,
Ricardo Martins.

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